domingo, julho 10, 2011

Jorge Lima Barreto

Duvido que o Jorge Lima Barreto, que agora morreu, se identificasse com a imagem caricatural do jazz que transparece desta tapeçaria do chileno Pedro Huart. Ele era mais de um "outro jazz", de um estilo com o qual nunca tive grande afinidade.

Fui amigo do Jorge desde os tempos de liceu, em Vila Real, onde ele apareceu, vindo da sua Vinhais natal, para fazer o antigo 5º ano do liceu. Era uma figura atípica, agitada, de olhar entre o grave e a gargalhada, que perturbava a serena cidade transmontana, naqueles anos 60.

Perdemo-nos de vista por algum tempo. Voltámos a ver-nos em Lisboa, a espaços, quando as coincidências isso propiciavam, cada um nos seus mundos, bem diferentes. Às vezes, lia com curiosidade o que ele escrevia. Procurei ouvir, com esforçada atenção, o que ele interpretava. Como disse, não fui muito sensível a ambos os registos mas, entre nós, mantinha-se, nas episódicas breves conversas, aquela confortável memória de tempos antigos.

Há uns anos, no Brasil, através do seu irmão, o ator Luis Lima Barreto, mandei-lhe o meu penúltimo abraço. Aqui vai o último. 

4 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Mais um. E de modo trágico!

Anónimo disse...

Para mim o Sr. fez renascer ...
Um fim a encetar novo principio de divulgação de pessoas que da arte fizeram arte.
Acho tão regenerador, lembrar a vida.
Isabel Seixas

patricio branco disse...

Outro musico: é talvez ocasião para tambem evocar aqui a morte, ontem assassinado na guatemala, de facundo cabral, o grande cantautor argentino, tambem poeta,novelista, memorialista, humorista satirico. nomeado em 1996 pelas NU -unesco "mensageiro da paz" recordo as suas canções no soy de aqui ni de alla ou no estas deprimido, estas distraido.
amigo de madre teresa de calcutá, de jorge luis borges, refugiado da ditadura dos corneis, amigo de juan manuel serrat, uma das grandes figuras artisticas da america latina.
"gracias a la crisis estarás más acompañado porque el capitalismo consiguió lo que no conseguió el comunismo: la igualdads. Ahora somos casi todos pobres" disse recentemente

patricio branco disse...

desenho da tapeçaria à maneira dos do yellow submarine, anos 60

Obrigado, António

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