segunda-feira, maio 28, 2012

Camões em Paris

Aproxima-se o dia 10 de junho, dia que Portugal escolheu para sua data nacional, uma data que é, simultaneamente, a da morte de Luiz de Camões, em 1580.

Esse foi o ano em que a independência do país se perdeu para a Espanha, por seis décadas. Foi recuperada em 1 de dezembro de 1640, uma data que, oficial ou privadamente, sempre comemorarei.

Acho que diz muito de um povo escolher, como sua data identitária, o dia triste da morte de um poeta. Não sei o que os poetas portugueses pensarão disso. Ficarão orgulhosos? Ou, como Woody Allen, acharão que a melhor maneira de garantirem a imortalidade seria, de facto, não morrerem?

Há dias, Eduardo Lourenço, numa entrevista, revelava que o único livro que sempre o acompanhava nas viagens era uma edição de bolso de "Os Lusíadas". Embora Camões, vale a pena lembrar, seja muito mais do que esse poema épico. Faço parte de uma geração que foi academicamente educada a "não gostar" de Camões, ao forçarem-me a "dividir as orações" em "Os Lusíadas", em lugar de me revelarem aquela obra como um percurso ímpar pela graça da nossa História. Felizmente, consegui ultrapassar o trauma, a tempo.

Aqui por Paris, vamos, este ano, e uma vez mais, celebrar Camões, por volta dessa data. 

Na Embaixada, vamos organizar uma conferência, por uma especialista de Camões, a professora universitária Maria Vitalina Leal de Matos, sobre o tema "Camões: l’homme, l’oeuvre et le mythe”. Será na terça feira, dia 5 de junho, pelas 18,30 horas, no 3 rue de Noisiel, sendo o metro mais próximo o "Porte Dauphine". Por razões de espaço, as entradas não são livres. Quem quiser assistir, deve solicitar um convite pelo telefone 01 53 92 01 00 ou, de preferência, pelo mail: instituto.camoes.paris@wanadoo.fr.

Na imagem deste post, estão as escadas da avenue Camoëns (como os franceses chamam a Camões), junto ao boulevard Delessert, muito próximo do Palais de Chaillot, no lado do Sena oposto à Tour Eiffel. Na sua base está, desde 1987, este monumento ao poeta, de autoria de Clara Meneres. No dia 10 de junho, tal como em todos os anos passados, o pessoal da Embaixada de Portugal irá, pelas 11.00 horas, colocar aí uma coroa de flores. Quem quiser acompanhar-nos será muito bem vindo.

5 comentários:

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador,

Só um povo "distraído" retira do calendário de feriados nacionais a data em que recuperou a sua independência.

Tal como o Senhor Embaixador eu também irei comemorar sempre o dia 1 de Dezembro de 1640 e o dia 5 de Outubro mas o de 1143.

Um abraço

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro José Tomaz Mello Breyner: digamos que sou mais "feliz": em duas datas, comemoro, com gosto, três eventos da nossa História. E, já que falamos de comemorações, deixo ben claro que, na data de hoje, não comemoro rigorosamente nada.

Gil disse...

Tal como a V.Exª., a data de hoje é de tal forma contaminada pela abominação partida de Braga que fico impedido de a comemorar, mesmo se deste dia se verificaram alguns acontecimentos mais fastos, como a inauguração do Jardim Zoológico de Lisboa (18849, as eleições para a Constituinte da República (1911) ou a inauguração do Estádio das Antas (1958).
Ah, é verdade: o Dr. Mário Soares recebeu o doutoramento honoris causa pela Universidade Complutense de Madrid.

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador,

Para comemorar a data de hoje só se fôr o fim da bandalheira em que se encontrava o nosso País.

Anónimo disse...

Senhor embaixador. Bonita data para comemorar Camoes e Portugal. Gostei de lembrar. Tinha esquecido ou acho que nao nos ensina muito coisa sobre os portugueses por aqui.
So mesmo o dia 21 de abril
com carinho Monica

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