segunda-feira, agosto 08, 2016

A pergunta eternamente sem resposta


Era, com toda a certeza, o resto de uma conversa que nascera ainda no carro, a propósito de limites de velocidade, e que se prolongava agora à mesa do restaurante.

O miúdo tinha um ar de "sabichão", óculos de aros grossos, daqueles que querem saber tudo. Falava com uma voz agaitada, estridente e algo irritante, que ecoava por toda a sala. A pergunta era "simples":

- Mas, ó mãe, se cá é sempre proibido andar a mais de 120, porque é que deixam vender carros que "dão" mais?

A senhora olhou em volta, embaraçada, sem saber o que dizer, com o puto a insistir, alto, "diz lá, mãe!"

Não a pude ajudar, porque justificar perante uma criança uma chocante hipocrisia da nossa sociedade é algo que não está ao alcance de um simples escriba de blogue.

13 comentários:

Anónimo disse...

O Senhor Embaixador foi outra vez multado? Como vai a carta de pontos?

Na realidade há hipocrisia, sim. Mas a hipocrisia é por não se fazer frente às construtoras automóveis. A hipocrisia não é por não aumentar as velocidades permitidas.

Os avanços da mecânica permitem a velocidade, mas a física e a capacidade de atenção e desenvoltura humanas não se modificaram substancialmente.

A mecânica pode permitir grandes velocidades, mas o ser humano não avançou de modo a poder correponder-lhes.

Por muitos avanços que tenha havido nas ajudas de segurança, a física continua a fazer-se sentir em todo o seu esplendor. Forças centrípetas, forças centrífugas, atrito, gravidade e por aí fora são sempre a mesma coisa.

O homem não tem mãos para elas quando a coisa vai aos limites.

Razões de segurança e também energéticas justificam a manutenção das velocidades bem mais baixas que as possibilidades dos automóveis.

Ou está convencido de que os engenheiros que fazem as estradas não saem das mesmas escolas de onde saem os que projectam os automóveis com as suas velocidades?

Francisco Seixas da Costa disse...

O Anónimo das 11.07 não percebeu que eu estou de acordo com ele?

jj.amarante disse...

Transcrevo parte dum texto do Rui Tavares que responde à sua (e tamnbém minha) perplexidade:

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Sábado, Janeiro 27, 2007
Da vontade de não ser levado a sério
Rui Tavares
Público, 27 de Janeiro de 2007

No meu tempo de faculdade, a única maneira de ainda ter aulas com o professor José Mattoso era inscrevermo-nos numa cadeira opcional de História das Religiões na Idade Média. Eu fui um dos sortudos que assistiram a essas aulas - e uma em particular é o ponto de partida para esta crónica. Naquele dia o professor comentava um catecismo medieval irlandês e, de passagem, notou como muitas das suas interdições sobre alimentação e sexualidade eram praticamente impossíveis de cumprir, seja pelo seu grau de pormenor, seja pela profusão de dias sagrados (e respectivos interditos) que quase chegavam a ocupar um terço do ano. Tal não nos devia espantar, dizia o professor, pois o cristianismo medieval tem uma relação que se poderia chamar de "dialógica" com o ideal da lei. O ideal era para ser aclamado, consagrado, glorificado; não tanto para ser cumprido. Quanto mais próximo do ideal, melhor. Porém, todos nascemos em pecado e vivemos em pecado, tendo a doutrina margem suficiente para cobrir a lacuna entre esse ideal que está escrito e as práticas de nós todos pecadores aqui em baixo. Aliás, se pensássemos bem, essa relação "dialógica" com a lei sobrevivera muito mais no catolicismo e muito menos no protestantismo, sendo especialmente visível em países como a Irlanda (de que tínhamos ali um vestígio antigo naquele catecismo) e Portugal, onde a relação com a lei era fluida e cheia de folgas...
»

É curioso constatar que mesmo nos países de maioria protestante este tipo de situação ainda se verifica.

Anónimo disse...

Tem resposta e simples mas tem que ser dada como em todas as àreas pelos especialistas! Mas como neste País há onze milhões de potenciais primeiro ministros e especialistas de todas as àreas, fica-se admirado com estas historietas....

jose disse...

Meus Caros, não sei se têm presente que a energia cinética associada ao acidente, choque, colisão, etc, é directamente proporcional à massa da viatura e (pior)ao quadrado da velocidade...
É só fazerem as contas...

Anónimo disse...

Eu estou na Alemanha e andei hoje na maior a 170 à hora, tendo sido ultrapassado por muitos carros que iam seguramente a 250. Tudo fluido. É pedir um subsidio à TAP para trazer atè aqui o rapaz e a mamã.

Anónimo disse...

@ jose
Para alem de não dar a resposta que tanto ansiava o menino da a entender que uma solução seria construir automoveis bem levezinhos para que as colisoes tivessem muito menos energia cinetica logo a viatura seria muito mais segura.

@ Anónimo 8 de agosto de 2016 às 11:07
"Os avanços da mecânica permitem a velocidade, mas a física e a capacidade de atenção e desenvoltura humanas não se modificaram substancialmente."
Porventura estara a sugerir que um automovel recente com controlo de estabilidade, travoes de disco nas 4 rodas, abs etc etc a 140km/h e tão seguro como uma viatura de 1980 a 120 km/h devido ao factor humano. Pois bem digo-lhe tenho um ford capri de 1974 e quando o conduzo tenho de ir com muita atencao ao que faço , na outra viatura que tenho de 2006 começo a ficar com sono a essas velocidades.

Por fim e paraa responder ao miudo.
Sim menino é hipocrisia, se não fosse assim acabava-se muito do dinheirinho das multas. Como e hipocrisia a policia estar escondida na caça da multa (muitas vezes infringindo o proprio codigo de estrada) em locais que permitem circular mais rapido e nos pontos realmente de perigo nunca param. Como e hipocrisia tambem ter um limite de velocidade de 80km/h num ic2 aqui em lisboa com uma recta com cerca de 4km enquanto que nacional ao lado o limite é de 90km/h. Como e hipocrisia receber a multa passados 6 a 8 meses e nem mandam parar, pq se somos multados e pq estamos a infringir e a colocar alguem em perigo, multa passada é o que interessa , a segurança rodoviaria que se lixe. Antes que venham algumas almas moralistas criticar-me admito que em 16 de carta fui multado uma unica vez. Mas sei de quem a 11 conduz sem carta, ja foi apanhado varias vezes, ja atropelou, ja foi apanhado com alcool, ja destratou um policia numa operação stop, passa pelas portagens sem pagar e a esse sujeito nada aconteçe, simplesmente pq nao teem nada para lhe tirar e continua a fazer o mesmo alegremente. Sim menino ha aqui uma grande hipocrisia

Anónimo disse...

O de dia 9:00, as 00:30 é seguramente o Hamilton ou outro do género. Acha que essas velocidades seriam adequadas com o fluxo de trânsito da A1 ou com os traçados da A8 ou da A23.


O de dia 9 à 1:05 é um artista da economia e não do design automóvel, nota-se pela facilidade com que ignora factos, tortura os números e tira conclusões para o lado que lhe convém.

Anónimo disse...


Ao de dia 9 à 1:05, pergunto ainda se tem alguma maneira de diminuir o peso do condutor e se achará inócuo levar com um carro sem peso mas com um condutor de mais 50 quilos a 90 km/h.

Ou se acha razoável dar mais velocidade a um veículo que se torna tão monótono de conduzir por causa das reduções de vibrações e silenciamento do habitáculo que o condutor adormece.

Anónimo disse...

Resposta de padre:

- Deus nosso senhor deu-nos o livre arbítrio para podermos pecar.


Resposta de chico esperto:

- Então e se eu quiser ir passear até à Alemanha?


Resposta de economista:

- Maiores velocidades induzem a maior desgaste e consumos. Isso é bom para a economia.

Anónimo disse...

@ Anónimo 9 de agosto de 2016 às 07:05
Ena ena... então sou artista da economia, ignoro factos, torturo os números e tiro conclusões para o lado que lhe convém. Puxa você estraga-me com mimos.

Que tal aprender a ler e interpretar ? "... da a entender que uma solução seria construir automóveis bem levezinhos..." Se ler com atenção conseguira interpretar que era parte da minha resposta ao @jose.

Ignoro factos? Sim é possivel... mas você não apresentou nenhum.


@ Anónimo 9 de agosto de 2016 às 07:13
Que tal aprender a ler e interpretar ?
"... da a entender que uma solução seria construir automóveis bem levezinhos..." Se ler com atenção conseguira interpretar que era parte da minha resposta ao @jose.

Em relação á sua questão
"Porventura estara a sugerir que um automovel recente com controlo de estabilidade, travoes de disco nas 4 rodas, abs etc etc a 140km/h e tão seguro como uma viatura de 1980 a 120 km/h devido ao factor humano"
Se ler com atenção conseguira interpretar que era parte da minha resposta ao @ Anónimo 8 de agosto de 2016 às 11:07.

Se acho razoável dar mais velocidade a um veículo?
Acho o mesmo que o menino. Limitar a velocidade máxima das viaturas a 120 km/h.

E vocês o que acham ??

Anónimo disse...

A PERGUNTA ETERNAMENTE SEM RESPOSTA É A DAS RESPONSABILIDADES POLITICAS E OUTRAS DOS INCENDIOS EM PORTUGAL

ESSA É QUE É ESSA

O RESTO É CONVERSA

Anónimo disse...

Eu acho, anónimo das 12:56, que a sua sintaxe é de muito difícil entendimento. E as tentativas de ironia tb não apontam para lado nenhum. As precisões que fez ao que tinha escrito antes nada adiantam. pois da primeira vez já se tinha percebido para quem eram as respostas.

E claro que há factos apresentados. A física tem factos, e para factos o exemplo cinético basta.ou era contas que queria? O enrico fermi conseguia escrever todo um tratado de termodinâmica só com três equações. Para meio engenheiro um par de conceitos basta - são uma coisa é não outra.

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