quinta-feira, maio 25, 2017

As malas e os diplomatas

O embaixador de que falei na historieta anterior, Cabrita Matias, era um "sábio" prático, daquelas pessoas que faz doutrina própria com base nas experiências e as transforma em indiscutíveis verdades universais.
Um dia, disse-lhe que, ido de Oslo, ia passar um fim-de-semana a Estocolmo. Aconselhou: "Escolha um hotel longe da estação!" Pensei logo: conhece a área, o "red light district" dever ser por perto. Mas, por acaso, era exatamente por ali que eu ia ficar! Creio que era um Sheraton, se a memória não me trai. E disse-lho.
"Ó homem, isso é uma imensa asneira", decretou. Mas porquê? A zona é má? "Nada disso! A regra é universal" (não fazia a coisa por menos). "Aprendi isso em França, com os famigerados Hotel de La Gare. Quer saber porquê?" Esse era o meu maior desejo, nesse momento.
"É muito simples, meu caro. Um hotel junto de uma estação tem dois problemas: é sempre demasiado distante para nós carregarmos as malas e demasiado próximo para chamar um táxi! É sempre uma tragédia. E para si é pior". Porquê? "Porque é casado" (ele era solteiro). "E as mulheres não sabem "to travel light"!"
Ele tinha toda a razão (em tudo o que tinha dito...) e eu passei a seguir a sua recomendação...
(... até ao dia em que foram inventadas as malas com rodas! Como é que é possível que tenham passado milénios entre a invenção da roda e esse "ovo de Colombo" que foi colocá-las nas malas? Quantas "Tauro" eu carreguei pelas ruas da vida!)

1 comentário:

patricio branco disse...

tive as minhas 2 primeiras malas com rodas aí por 1993, bom material, inglês, ainda as tenho, uma mais pequena que a outra, para lá uma dentro da outra, de volta as 2 cheias de compras, uma delas ficou maneta, uma das rodas foi-se, a outra com os 2 pés ainda, mas há muito que não as uso embora estejam novas, agora gosto de certo tipo de malas muito leves que se vendem, não das rígidas, flexiveis mas leves e resistentes, o embaixador sabia, pois um hotel longe da estação dos comboios, nunca perto, em lisboa mesmo longe os taxistas mal educados e brutissimos do aeroporto queixam-se sempre, um deles fez todo o percurso a 20 km/h forma inteligente de mostrar a grande raiva que lhe ia por dentro, esperei pelo troco completo e já na rua, antes de fechar a porta disparei-lhe, vocês continuam na mesma, e virei costas, mas uma coisa são os avióes, outras os comboios, etc

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